Postagens

Mostrando postagens de 2016

Problema e solução.

Às vezes sinto que sou uma pessoa triste.  Ninguém percebe porque estou sempre sorrindo.  Mas quando me olho no espelho, bem no fundo dos meus olhos, vejo a tristeza ali, bem no fundo da pupila contraída por causa da luz.  Não sei.  Acho que o problema é o espelho. 

Inclusive

Imagem
No dia 26 de setembro se comemora o Dia Nacional do Surdo. É interessante porque eu só soube disso esse ano. Filha de pais deficientes auditivos eu deveria saber desde sempre. Engraçado, não é? Isso acontece porque, vamos dizer assim, damos mais destaque às doenças visíveis, que a gente olha e pode dizer "ele tem uma deficiência".  De acordo com o censo 2010 existem cerca de  9,7 milhões de surdos no Brasil e desse número, 1,2mi são jovens.  É importante ressaltar que nem todo surdo é mudo, e nem todo surdo é completamente surdo. Alguns conseguem ouvir algum ruído, o que ajuda realizar algumas coisas como tirar a carteira de habilitação. Sim, isso é possível. Meu pai dirige há 6 anos. Por mais que a surdez não impossibilite seu portador, em algum momento o deficiente auditivo encontrará dificuldades no mercado de trabalho e  no ensino superior, pela falta de intérpretes nos locais. E vamos combinar, quase ninguém consegue conversar com o surdo sem no final dizer "n

Pequena rima

Muitas expectativas sobre o amanhã E o hoje mal começou O que tanto há no dia seguinte, afinal? O tempo não apressa sua hora O relógio não gira mais rápido A vida para pelo o que não se sabe Mas o que sabemos, afinal? Tempo cheio de contratempo Com minutos que somam horas Com momentos que passam Por memórias que ficam Com saudade de outrora Frases clichês em poemas sem rima Tentando desconversar minha falta de sina Em querer 

Gratidão.

Imagem
Me lembro quando finalmente o resultado do exame saiu em janeiro desse ano. Eu estava no quarto e sentada na cama, chorei. Eu estava tão feliz porque eu agora sabia o que tinha e poderia fazer o tratamento correto.  Não tinha muito tempo que essas duas palavras "miastenia gravis" me assustavam bastante, porque eu não queria tê-la. "É uma doença muito severa. Não estou preparada para isso".  Mas depois que a gente fica no limbo de diagnóstico tudo o que dá positivo você comemora porque você pode dizer o que tem. E nem tudo é tão horrível quanto imaginamos. Não quero dizer que não seja difícil, mas se você tiver coragem, dá para convidar o monstro que sua mente criou para tomar um chá e tirar as más impressões. Me lembro do ano passado, exatamente 1 ano atrás. Meu rosto inchado por causa do corticoide, meu corpo não me obedecendo muito, com quedas frequentes, sem força para pentear o cabelo, me vestir e até mesmo sorrir, o que era engraçado na verdade, porque n

Eu e meus 20 e poucos anos.

Quando criança ouvimos a pergunta "o que você quer ser quando crescer?". Crescemos criando sonhos que parecem não caber no coração e na imaginação  da gente ; ser astronauta, ser arqueóloga, ser professora, ser frentista, ser química, ser engenheira, ser médica.  Alimentamos expectativas de que seremos algo especial, traçamos um planejamento meticulosamente perfeito de quando as coisas irão acontecer, UAU! VAI SER INCRÍVEL! Na fase adulta a realidade chega, nem sempre conseguimos passar no vestibular, aquele bom emprego... e deixamos um pouco os sonhos de lado porque as obrigações e deveres chamam. E então surge o momento de reflexão: não me tornei nada do que eu queria ser. Sinto o fracasso me abraçar.  Será mesmo que somos seres condenados ao fracasso por não sermos aquilo que um dia dissemos que poderíamos ser? E quem sabe dizer o que eu poderia ter sido e não fui? Ninguém. E nunca saberemos! Essa cobrança um dia vai nos deixar loucos. Lidar com a frustração po

A arte de ser sucinta

"Não irei me demorar" é uma das mentiras mais contadas no mundo. Quem nunca ouviu essas palavras é porque ainda não nasceu. Incrível como essa frase desperta na pessoa que falou, um sentimento de querer falar tudo de uma só vez como se estivesse recitando o livro Guerra e Paz inteiro numa única respiração, igual quando eu era criança e tentava mostrar que sabia o Salmo 23 de cór e falava sem respirar só para mostrar alguma coisa que hoje, como adulta, não entendo o que era. Quando criança fazemos tantas coisas loucas, igual aquela vez que ganhei um patins com rodas laterais que até hoje não sei o nome e eu tentava andar no paralelepípedo porque eu achava que era possível, sim! em direção ao supermercado que tinha na esquina e era muito legal porque todo dia havia surpresa para crianças - coisas que a criança só poderia desfrutar se o papai ou a mamãe comprassem determinado produto - criança não é criança se não fizer seu showzinho particular para conseguir, não o produto, m

Rio 2016 com muito orgulho, com muito amor.

Quem assistiu a Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos se emocionou, sim! Todo mundo na frente da televisão. Os idosos esqueceram suas artrites, mulheres em trabalho de parto aguentaram mais um pouquinho, porque afinal, é a Olimpíada. No Brasil!  Foi muito lindo. Todo mundo gritava com orgulho que era brasileiro com muito orgulho e muito amor. Muito atleta bonito passando pela sua televisão, com passos cheios de esperança pela medalha, ou pela vitória de ter chegado até alí, representando seu país, fazendo selfies e dando beijinho para a câmera. Os atletas brasileiros, lindamente maravilhosos. Teve aula de biologia, história e geografia, num sincronismo fora de série. Teve mensagem subliminar o tempo todo, tipo quando os chineses estavam lá dançando com bandeira vermelha cor PT como se dissessem "FORA TEMER".  Teve a Gisele arrasando apenas por existir. Funk maravilhoso e tudo mais. Em certo momento eu já estava muito animada vendo aquilo tudo, esperei ansiosament

"Você ganhou!"

Não tenho a mínima ideia de como fui chegar nos assuntos que irei compartilhar com você, querido leitor.  Me peguei aqui pensando nas vezes em que programas de televisão e coisas relacionadas a ele, me enganaram. Acho que a primeira vez foi com aquele programa que não lembro o nome e nem acho que vale pesquisar no Google porque não vou saber resumir e a busca será muito difícil, mas que a apresentadora ficava brigando com o "diretor" pra ele deixar o jogo mais fácil para que o telespectador (telespectador me lembra Raul Gil) pudesse acertar o jogo de palavras que faltava no canto da tela. Ex: "Olha que fácil! Não é possível que você não vai acertar essa. Ligue, é só ligar e acertar que nome é esse que você ganha 10 MIL REAIS!!! Você sabe que nome é esse? MARI_". E o telespectador, no caso eu, porque só eu assistia aquilo, pensava: nossa, vou ligar, é muito fácil! É claro que é Maria! E eu entrava na saga do titutu tititi (onomatopeia do teclado do telefone) e

3 segundos decisivos

Parece que quanto mais velhos vamos ficando mais introspectivos ficamos. Mais os medos se tornam maiores e mais queremos tentar entender o que está acontecendo. Ou seja, viramos adolescentes novamente, só que adultos.  Tem dia que você quer socializar e não tem ninguém, tem dia que você quer ficar sozinho, mas tem um monte de gente perto querendo socializar e sair e você nesse momento diz sim, sem demonstrar que pensou 3 segundos na resposta que você ia dar.  Esses foram seus pensamentos:  "hum, que droga, queria ficar em casa sozinha, mas olha, vai ser legal, vamos lá, você está muito antissocial, socialize, coloque suas piadas em dia, e seus amigos? bah eles são muito divertidos, você se dá bem com eles, vai vai ser legal, sim, você pode ir com aquele seu jeans, que aliás é o que veste melhor em você e se você por acaso não for com ele, ele irá te acompanhar mesmo assim porque ele já tem vida própria, pode usar aquele brinco novo, hum vai ser legal, sem contar que você

Gente que Inspira - Beatriz Bastos

Imagem
Quem me conhece sabe que gosto de tirar foto  de coisas simples  com a câmera do meu celular Nokia Asha 501 como se fosse uma câmera profissional. Sempre vejo sites de fotografia. Gosto de ver o olhar de cada um.  Acho incrível quem consegue captar beleza nas coisas. Ver do "nada" alguma coisa.  Certo dia um amigo me indicou um site. Que belo dia! Me lembro da foto que mais gostei. Gostei e me identifiquei. Pensei "olha, ela também gosta do estilo livre de fotografia!". Me lembro de sempre querer olhar o site dela.  Não o bastante, descobri que algumas pessoas da minha família são amigos da família dela. Se isso não for um sinal para sermos grandes amigas então não sei o que é. Risos. Estou falando da Beatriz Bastos. Essa moça linda de 18 anos, gente como a gente,  fotógrafa e  estudante de Jornalismo. Aos 18 anos, gente! Que que é isso?!  Em uma das conversas que tivemos sobre fotografia ela disse: " a fotografia, pra mim, é algo essencial, é fal

Poemas da Realidade

Quereres  Te quis Querendo não te querer Me queres ... Como amiga Que morte horrível --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Delicadeza Sorrias Olhavas para mim  Meus lábios se contraíram imediatamente Fui ao teu encontro Teu coração acelerou Pude ouvir cada batida Ao pé do teu ouvido disse baixinho Seu dente está sujo Ouvi o coração se despedaçando --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Sorte Nos vimos uma vez Foi o suficiente para o coração saber  Tinha que ser a gente Com olhar trocamos confidências Marcamos um encontro por telepatia Meio dia do dia 12 no restaurante da esquina Do local que nos conhecemos E no restaurante da esquina Do local que nos conhecemos Esperava ansiosa por tua chegada Chegaste com atraso Mas viestes direto ao meu encontro Estava tudo tão perfei

Tentando processar alguma coisa que faça sentido. E tomara que faça...

Essa semana está igual 30 de dezembro: como assim aconteceu um monte de coisa tão depressa?! A vida não para!  Às vezes gostaria que parasse, para que eu pudesse olhar as coisas e tentar entender ou enxergar, ou entender e enxergar o que se passa. Ou apenas poder sentir. Houve um tempo em que eu estava surpresa com a descoberta que eu podia chorar. Também houve tempo que a lágrima nem chegava a cair, já evaporava antes do piscar de olhos. Me lembro da vez que vi minha vó chorar. Ela estava entrando na sala de cirurgia. Com a touquinha escondendo seus lindos cabelinhos brancos. Ela segurava minha mão e eu não me permiti chorar porque queria que ela ficasse tranquila. Mas ela chorou. Disse que me amava. Eu falei que não precisava se preocupar e que logo ela ficaria bem. E ficou. E eu cuidei dela. Meu bebê. Depois desse período na oncologia com vovó foi difícil chorar. Eu precisava chorar. Eu estava cansada de não conseguir chorar. Tentei me preparar, quase que por 9 anos, pra se

Contraste

Sabia que não era nada Era tudo Era toda a expectativa do querer E não querer Gostava da ideia de ter  Pelo o que o coração bater

Gente que inspira - Danilo Mendes

Imagem
Conheci o Danilo quando ele era apenas palavra.  Encontrei seu blog e me apaixonei pelos seus textos e poesias. Confesso que na primeira leitura eu fiquei bem confusa, não por falta de coerência dele, mas porque aquelas palavras, tão certas, me convidavam a (re)pensar.  Assim, Danilo, com quase 21 anos, estudante de Teologia, conquistou minha admiração. Me encantei com suas palavras e em como as colocava nas frases. São textos reflexivos, polêmicos e lindinhos poemas para caberem no coração da gente.  Quando o conheci  pessoalmente, gente, que pessoa mais linda, pensei pra mim, ele é meu melhor amigo platônico, sim! Sou muito fã! Dá pra perceber carinho naquilo que ele fala, nas suas convicções e em como toca o mundo das pessoas, seja lutando pela minoria, seja lutando pelo direito de todos.  Quando o perguntei o que o movia escrever, ele me responde que a resposta era fácil! " Primeiro, é o que eu sou apaixonado por fazer, é o que me dá prazer e o que eu acredito que é

Gente que inspira - Vovô Jocis

Imagem
Tenho uma mania peculiar. Todos as noites antes de dormir olho as notícias que aconteceram na data presente sem especificar o ano. Assim, descubro quem nasceu, morreu e qual notícia foi marcante no dia. Não conheço nem 5% das pessoas citadas alí. Quando clico no nome, vejo um resumo da vida da pessoa. E acho completamente incrível que uma pessoa completamente estranha, talvez para muitos, tenha feito algo simples, mas que foi suficiente para ser mencionada.  Essas pessoas me inspiram. E se desconhecidos de outras épocas me inspiram, imagina aqueles que estão presentes, ou onlines, no meu cotidiano!  Por isso, quero falar dessas pessoas que inspiram.  Talvez não tenha o mesmo significado para você, ou talvez possa ter, não sei, mas quero e desejo fazer isso.  Cada dia falarei de gente que encanta o mundo (e o meu mundo) de alguma forma. Desejo que possa encantar seu mundo também! Hoje começo com meu avô Jocis. O único avô que conheci. E ele soube ser avô duas vezes. Sua casa

O oceano particular

Estava no alto da montanha.  Fugindo de algo.  Talvez de si mesma. Jogou uma pedrinha no oceano e sperando espantar o reflexo que via na água. Não percebera que era o seu próprio reflexo. Assustou-se. Deu um salto para trás. Estava escuro. E com medo. Começou a imaginar milhares dos seus medos.  As pessoas sempre criam aquilo que temem. De tanto medo, escorregou da montanha e caiu direto no oceano.  As águas se agitaram e a engoliram.  Ao contrário da sua reação enquanto em terra, não estava mais com medo. Era como se estivesse submersa em sua própria mente e começou a nadar. Livre em seu pensamento.

A dádiva

Enquanto eu me sentia vulnerável pela descoberta do meu novo diagnóstico e que ele é múltiplo, eu lia o livro de Philip Yancey, em que destaca pessoas que foram importantes em sua vida. Dentre elas, Dr. Paul Brand, que de uma forma bem bonita, falava da dádiva da dor. Ok. Ninguém gosta de sentir dor! Quando minhas dores começam, já vou pro meu kit farmacinha e tomo meus remédios de emergência sem me importar se vou ficar grogue, falando coisa com coisa, gravando áudio perguntando o que é genro. Meu desejo é me livrar da dor. Óbvio!  E no meio dessa vulnerabilidade que a dor faz a gente se encontrar, dr Paul vem, puxa uma cadeira e a coloca bem na minha frente, olha nos meus olhos e diz "miga, pare!". Não, ele não falou isso, mas foi engraçado. Ele disse "minha querida Vivi, a dor é uma dádiva". Dr. Paul passou grande parte de sua vida cuidando das pessoas com hanseníase, no leprosário em Vellore, na Índia. Ele descobriu que as pessoas com lepra sofrem cegueir