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Mostrando postagens de setembro, 2014

O historiador

Estava distraído.  Olhava para o horizonte admirado com os raios de ouro tocando as copas das árvores. Sentiu-se abraçado pela beleza que envolvia aquele momento. Morava numa casa amarela.  Gostava dos quadros da Louise McNaugth.  Tinha uma estante cheia de livros e discos antigos. Vivia só, mas não solitário. Sua presença era sua própria companhia.  Gostava de ouvir The Proclaimers enquanto buscava nos livros a chance de ir além dos muros - imaginários - que o cercava. Era um homem de beleza comum. 29 anos, altura mediana, cabelos crespos e escuros, olhos pequenos com cílios grandes, que davam doçura ao seu olhar por trás dos óculos, e um sorriso capaz de iluminar uma cidade inteira.  Era um homem educado.  Era tão educado que até para amar pediu licença. Descobriu o que todo mundo descobre um dia: que os pedaços de um coração partido seguem batendo. Esperava por alguém que não viria.  Tinha bastante amigos e adorava ouví-los contando suas histórias. Às vezes não

Verso (in)comum

Da boca que se move, seu beijo Das mãos que seguram, seu abraço Desse querer insólito: Pode até não me querer bem Mas faz um bem que ninguém me faz.

Confissão

Fico me perguntando das coisas que não ousamos dizer.  Tem palavras que não proferimos porque sabemos que trarão mágoa para quem as ouvirem. Mas ainda não estou me referindo a isso. Falo das coisas que pensamos quando estamos sozinhos, ou com medo, ou felizes demais. Com certeza não falamos tudo. Parece que se falarmos, uma parte de nós irá junto com elas, as palavras, e estarão avulsas por aí, sabendo que jamais voltarão. Parece que o que costumamos guardar faz muito sentido até alguém falar o mesmo que você pensou e você cai na real de que nunca estamos sozinhos nas nossas dores e alegrias. Acho que na verdade desejamos que as pessoas decifrem nossos pensamentos.  Essa semana me perguntaram se tenho medo. A resposta é óbvia. Mas confessar um medo não é fácil. É preciso muita força pra reconhecer fraqueza. E em alguns momentos a força parece dar um "tchauzinho", deixando você e o medo se encarando. Taí outra coisa que mete medo. Encarar, olhar de frente. Mas fazer isso