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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

Minha vó e eu

Minha vó não é uma velhinha comum. Talvez ela seja no seu ponto de vista. Pra quem não a conhece: vocês não sabem o que estão perdendo!  Minha vida toda vivi com ela e ela cuidou de mim. Coisa de vó! Desde que eu me lembro, vovó sempre esteve lá.  Tenho tantas histórias! Quando eu arrumei briga no colégio, ela estava lá me defendendo, não porque eu pudesse estar certa, mas porque eu não sabia brigar e provavelmente eu apanharia feio. Quando, aos 7 anos, "levantei minha mão" dizendo que queria aceitar Jesus em meu coração, após ouvir de uma  criança que nunca vi na vida, que lá na frente estavam dando balas pra quem levantasse a mão, vovó foi lá me buscar. E no dia do meu batismo, quando eu já estava ciente da minha decisão, ela estava lá também, ao lado da minha mãe. Lindas as duas. Quando eu confundi o carro do peixeiro com um caminhão de mudança, ela estava lá na rua pagando esse mico comigo.  Quando meu primeiro namorado foi conhecê-la, vovó fez questão de pro

O sonho de Laura

Demorou a dormir. Estava pensando nos acontecimentos do dia.  Suspirou de tristeza.  Ou apenas estivesse suspirando de cansaço mesmo.  Aparentemente, Laura estava bem. Mas suas emoções estavam conflitantes. Laura estava preocupada por não ter com o que se preocupar. Adormeceu sem perceber e sonhou. Avistou um envelope, suspenso na parede, feito um quadro importante. Aquele envelope carregava os seus sonhos.  De repente, percebeu alguém segurando sua mão. Era Deus, e sua face era como a de um amigo. Ele trazia consigo um envelope também. Deus começou a abrí-lo. E dentro dele tinha outro envelope. E cada vez que Ele abria um envelope, saía outro envelope, e cada envelope continha infinitos envelopes de sonhos. Todos organizados, bonitos, e de uma forma muito curiosa, não estavam amassados. Cada um era mais bonito que o outro, fechados com o adesivo mais bonito que se possa imaginar.  Era como Deus dissesse à Laura: ah, minha menina, carrego sempre comigo todos os seus sonh

Laura, a controladora

O som de uma vassoura varrendo o chão interrompeu o silêncio pacífico da casa. Às 22h30min. Mas quem em sã consciência varre o quintal às vinte e duas horas e trinta minutos da noite? Laura. Preciso deixar tudo arrumado para não ter surpresas quando acordar. Pensava ela. Mas que diabos poderia acontecer em uma noite? E em que um quintal limpo afetaria a manhã? Bem, ninguém sabia. Só Laura, que desenvolveu o hábito de deixar tudo no lugar antes de dormir. Às vezes ela nem sabia porque gostava de ver tudo no lugar. Ela deixava até o seu desktop organizado. Até as pastas tinham pastas especificando cada uma delas. Nada muito exagerado. Apenas organizado e de fácil compreensão. Por um segundo Laura parou e suspirou. Estava cansada de deixar as coisas no lugar.  Ao levantar, arrumava sua cama, mesmo sabendo que em seguida voltaria para ela; dobrava suas roupas de um jeito que ficavam todas bonitinhas na gaveta separadas por cor e cada gaveta era para um tipo de roupa: de sair, de ficar

O segredo das coisas

O fogão sentiu-se feliz ao ver que a dona da casa acordara e provavelmente iria usá-lo para ferver a água para o café. Este, o café, estava ansioso no armário ao lado do açúcar. Eles faziam questão de ficarem ao lado do outro pra facilitar o serviço. Os pães e os biscoitos ficavam juntos sempre. Eram melhores amigos, embora o biscoito sentisse um pouco de ciúmes do pão, pois este tinha um caso de amor com a geleia de amora, que ficava na geladeira, junto com seus parentes. As xícaras faziam o possível para não esbarrarem umas nas outras para não fazerem barulho e estragarem a espionagem. Sim, as xícaras eram espiãs. Elas adoravam seu trabalho! Trabalhavam três vezes ao dia: café da manhã, lanche da tarde e lanche da noite. Nessas horas elas podiam gravar as conversas da família e descobrir se falavam a verdade com um dispositivo acoplado a alça que media a temperatura da mão da pessoa. Se a temperatura fosse alta, era verdade. Se fosse baixa, era mentira. Talvez as xícaras saibam a

Decisão definitiva

Toda decisão definitiva começa com um "nunca mais".  Nunca mais vou confiar em alguém. - Disse quem foi traído. Nunca mais vou comprar nessa loja. - Disse quem teve seu direito de consumidor ferido. Nunca mais vou comer desse jeito. - Disse quem acabou de sair de uma churrascaria com o desejo de ser carregado pelo SAMU. Nunca mais vou me apaixonar. - Disse quem teve o coração partido. Nunca mais diga nunca. - Disse a pessoa que gosta de contradições. Nunca mais quero olhar na cara de fulano. - Disse quem teve o orgulho maior que o perdão. Nunca mais vou beber. - Disse quem acordou com uma ressaca infernal. Nunca mais vou trair minha esposa. - Disse quem foi pego no ato. Nunca mais vou faltar aula. - Disse quem não conseguiu média para passar de ano. Nunca mais vou mentir para meus pais. - Disse quem se deu muito mal por desobedecer. Nunca mais. - Disse quem tomou a decisão definitiva  Nada é tão definitivo quanto a vontade de mudar e continuar o mesmo

Um eu lírico esperançoso

Se tem uma coisa que me deixa um pouco assustada é ter que refazer planos. Porque, se por um lado, o plano anterior parecia bom, então parece que não teremos mais jogo de cintura para refazer outro, e mais: melhor. Mas tem dias que nenhum plano funciona: nem o plano A e nem o plano B que você nem sabia que existia até descobrir que o plano A falhou e não há como nem pegar uma sobrinha dele e então você faz é agarrar-se à única opção agradável: recomeçar. Recomeçar é uma palavra bonita que supõe esperança. E esta, nunca morre.  Nenhum recomeço é fácil, porque se você teve que recomeçar, significa que alguma coisa não deu certo. Seja lá no que for. Mas a graça dos recomeços é poder fazer tudo diferente já ciente da experiência passada.  Alguns fracassos pessoais são bem inspiradores, na verdade.  Olhar para trás e ver que você passou por certas situações e ainda continua tenho a coragem de sonhar é algo sensacional! Não sei quem teve es sa ideia de que temos a obrigação de sempre se