"Você ganhou!"

Não tenho a mínima ideia de como fui chegar nos assuntos que irei compartilhar com você, querido leitor. 
Me peguei aqui pensando nas vezes em que programas de televisão e coisas relacionadas a ele, me enganaram.
Acho que a primeira vez foi com aquele programa que não lembro o nome e nem acho que vale pesquisar no Google porque não vou saber resumir e a busca será muito difícil, mas que a apresentadora ficava brigando com o "diretor" pra ele deixar o jogo mais fácil para que o telespectador (telespectador me lembra Raul Gil) pudesse acertar o jogo de palavras que faltava no canto da tela. Ex: "Olha que fácil! Não é possível que você não vai acertar essa. Ligue, é só ligar e acertar que nome é esse que você ganha 10 MIL REAIS!!! Você sabe que nome é esse? MARI_". E o telespectador, no caso eu, porque só eu assistia aquilo, pensava: nossa, vou ligar, é muito fácil! É claro que é Maria!
E eu entrava na saga do titutu tititi (onomatopeia do teclado do telefone) e ficava na expectativa de entrar AO VIVO. Mas não entrava ao vivo porque você precisava responder um longo questionário com o tema "conhecimentos gerais" que você não saía nunca daquilo, chegando a pensar que estava na Caverna do Dragão. Depois você acabava desistindo e esquecia daquele dia fatídico, se lembrando apenas quando a conta telefônica vinha no valor de 63 reais apenas para aquela chamada em especial. 
Teve a vez também que e estava muito feliz vindo do colégio e recebi um SMS: "Você ganhou a promoção do Faustão! Ligue *num sei o que num sei que lá para saber onde retirar o seu Peugeot 206. Para mais informações, aguarde outro SMS". 
Caro leitor, se você acha que me iludi com esse SMS cretino, pois fique sabendo que você acertou. Fiquei aguardando outro SMS igual uma criança espera sua vez pra ir no pula-pula na festa de criança. Aguardei enquanto fazia planos em meu coração: "vou sair de carro, agora tenho um carro, que coisa boa um carro, meu Peugeot e eu". Mas o coração do homem é enganoso. Muito enganoso. Enganoso demais. Muito mesmo. E segui a vida sem meu carro.
Chegamos a última vez, e eu me lembro com muita empolgação, porque foi incrível!
"Você ganhou a promoção do Gugu na Minha Casa". Eu nem li o resto. Gente, era o GUGU. E NA MINHA CASA!!!!! O sonho de toda criança. Ta bom, eu era adolescente. Ta bomm, eu tinha 18 anos. 
Falei assim, "vó, ganhei a promoção do Gugu, tem que ligar de volta". Com todo apoio de uma senhora inocente, desconhecida de golpes por celular, eu liguei de volta! O atendimento foi perfeito, sério. Eu cheguei a me desculpar com o atendente porque falei que achava que era trote e o atendente brigou comigo porque o "programa do Gugu não faz brincadeiras com os sonhos das pessoas". ME ARREPIEI. Gugu não vai brincar com meus sonhos, mas vai vir aqui na minha casa, vou ganhar muitos presentes. 
O atendente falou que eu precisava jogar com ele, eu tinha determinado tempo para procurar as coisas e falar o código de barras. "Não tem como ser golpe, tá pedindo o código de barras, sou muito sortuda". Ele pediu 3 biscoitos Passatempo - Nestlé (dei pulos na hora porque eu tinha em casa 3 biscoitos Passatempo - Nestlé), 1 sabão em pó e 3 cartões de recarga da Claro, nos valores de 5, 10 e 15 reais. "Poxa, eu sou da Vivo. Já perdi essa droga. Vó, eu falhei". Mas num ímpeto, lembrei-me que na esquina... da padaria vendia cartões de recarga! Falei pro atendente: "moço, me ajuda, quanto tempo eu tenho?", ele respondeu: "você tem 20 minutos e quando encontrar tudo diga bem alto "Gugu na Minha Casa!", "moço, obrigada, espera aí que já volto.
E lá fui eu para minha saga de procurar recarga telefônica da Claro. Não tinha em lugar nenhum. Cheguei a ir na borracharia saber se tinha. Não tinha. Uma moça vendo minha aflição, perguntou: "porque estás tão aflita, menina?, e eu contei a história do Gugu na minha casa, já que o Gugu iria vir na minha casa e não na dela. O ser humano gosta de ser ridículo em público. Ela me olhou séria, com uma expressão  de "que menina burra" e soltou um "você nunca ouviu falar de golpe, não?". Fiquei arrasada. 
Voltei pra casa com esperanças de que o atendente me ajudasse, peguei o telefone e falei "Gugu na minha casa". Nada. "Gugu na minha casa". Nada ainda. E numa tentativa desesperada tal qual a Doroty querendo ir para sua casa, grito "Gugu na minha casa". A ligação caiu. Na conta do mês seguinte veio cobrando 48 reais e nunca mais falei sobre isso. 
Hoje em dia não acredito mais em mensagens milagrosas e nem em correntes, mas de vez em quando me pego refletindo na foto que estava circulando pela internet, de uma criança que foi brincar no caminhão do pai e acabou agarrada na roda e o Google e o Yahoo iriam levantar o caminhão 1cm a cada compartilhamento.
Espero que essa criancinha esteja bem!

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