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Mostrando postagens de novembro, 2015

A não declaração

Veja bem, não estou louca. Meu psicólogo imaginário diz que estou sã. Falei pra ele de ti. Das cartas que escrevi e nunca mandei. Falei das perguntas que não fiz e das respostas que ouvi. Dos beijos que te enviei pelo ar e abraços que nunca compartilhamos. Falei das fotografias que meus olhos tiraram enquanto você se distraía na minha mente E que deixei no porta retrato do quarto da minha memória. Você. Ilusão de estimação.

Farelos

Quando criança, eu tomava umas decisões nada convencionais.  A mais inusitada foi quando eu achei que no momento em que o balão surpresa da festinha fosse estourado, eu teria que pegar a maior quantidade de trigo ao invés dos doces e brinquedinhos que caíam sobre nossas cabecinhas alvoroçadas.  No final da festinha eu estava com as mãos brancas dos farelos de trigo e meus amiguinhos com as mãos cheias de alegrias e coisas divertidas. Afinal, o que se pode fazer com farelos de trigo? Naquela época o trigo era minha alegria porque eu achava que era a decisão mais incrível que eu tinha tomado. Mas agora eu cresci. Me pergunto se continuo a mesma menina, fazendo as mesmas escolhas, preferindo trigo ao invés de brinquedos, sendo feliz com farelos.

Poesia sem título para alguém sem nome

Chamo pelo nome de quem ainda não conheço Sonho com quem nunca vi Venha Já passou da hora  Da gente Se encontrar

"Venha, as bananas estão apodrecendo!"

Disse "venha, as bananas estão apodrecendo!" assim mesmo, no imperativo, correndo o risco de ser mais enfática do que manda o decoro. Às 02 da madrugada o decoro já foi esquecido (pra maioria das pessoas, a regra é entre as 23:00 e 00:00 ou depois da terceira cerveja de litro). "As bananas não se comem sozinhas", disse eu, pensando mais em mim do que nas frutas apodrecendo descuidadas dentro da cestinha, "seria uma pena desperdiçar tanto potássio, ainda mais com o alto índic e de doenças coronárias blablablablabla...". O silêncio impera nas ruas e o zumbido que ecoa nos ouvidos anuncia que a poluição sonora ainda vai me enlouquecer. O blablablablabla soa tão frágil que não tenho coragem de tirar esse diálogo do plano das idéias. Uma foto das bananas talvez seja mais convincente do que meu melodrama teórico, penso eu, o clichê da imagem valer mais que mil palavras começa a fazer sentido, apesar de eu ser mais auditiva do que visual e AI MEU DEUS, JÁ TÔ TEO