Lições

Quando eu era criança, minha família não era provida de muitos bens materiais. Morávamos numa casa bem pequena em Itaperuna. Não tínhamos luxo, vivíamos com o possível, mas nunca faltou amor, e nem goiabas e mangas, que caíam no nosso quintal. 
Eu estudava em escola pública. Uma escola muito boa, por sinal. Eu estava no C.A. Lembro-me do nome da professora: Vivília. Mas gostávamos de chamá-la de Tia Vivinha. Aprendi a ler e a escrever com ela. Aliás, aprendi várias lições. 
Uma das minhas colegas de classe distribuíra convites para sua festa de aniversário. Fui a única que não recebeu. Seu argumento foi que "pobre não iria à festa dela.  Seu nome era Gabriela.
Como criança não consegue esconder suas reações, chorei.  
A professora aproximou-se de mim, enxugou minhas lágrimas e entregou-me seu convite. Não compreendi porque alguém daria seu próprio convite para uma "festa de rico" a alguém! Hoje, percebo a grandiosidade desse dia. Não encaro este episódio como triste. A vida ensina o tempo inteiro. Naquele dia aprendi o que era compaixão. Compadecer-se com a dor do outro sem banalizá-la. O mundo precisa disso. Amor e compaixão. 
Creio que existam várias Gabrielas por aí, julgando-se superiores, escolhendo quem é merecedor de algo ou não. Entretanto, creio também que existam várias Vivinhas, na simplicidade, que se compadecem do outro e se mostram dispostas a doarem-se de alguma forma para amenizar, mesmo que por um momento, a dor do outro. 
Ao contrário do que muitos pensam, compaixão não é um estado de pena ou obrigação. A compaixão é válida quando decido fazer algo em relação ao outro, por amor. Se eu vir alguém que precisa ser acolhido, ajudado, e podendo acolhê-lo de alguma forma e não o fizer, sou pura vaidade. O sentimento que move o mundo e dá vida é o amor. Jesus demonstrou amor e compaixão em todo o tempo. Se o amor que Jesus me deu não é suficiente para eu desejar demonstrá-lo através do meu respeito, meu olhar de compaixão - não de pena - e meu estender das mãos, então eu nada sou. 

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