Tudo diferente, igual ano passado

Essa é uma daquelas horas em que eu deveria estar dormindo, mas não estou. Adoraria dar como título a este texto "Claros sinais de loucura II", mas quis ser contraditória, pois é o que estou no momento.
Estava aqui refletindo sobre a vida, ouvindo que somos quem podemos ser e refletindo sobre o que sou.
Fiquei pensando na selva que é o ENEM e em que minha vida irá mudar depois desse final de semana. 
De repente me bateu aquela sensação de quando eu tinha 19 anos e estava louca para completar os 20 (porque gosto de números inteiros. E pares. O 5 é o único ímpar que gosto, apesar de querer casar num dia 23.Hoje seria um lindo dia para casar, a propósito! Ta vendo, claros sinais de loucura deveria ser minha tatuagem com canetinha colorida no pulso esquerdo. Nada contra o lado direito, e é até porque sou destra que eu faria essa permanente temporária tatuagem no lado esquerdo. Se fosse ao contrário, não daria certo), achei que isso me tornaria adulta. (Coloque aqui uma risada irônica e inocente ao mesmo tempo.)
Fiz 20 anos e na manhã dos meus vinte anos: TCHARAM! Acordei com a mesma cara, as mesmas pintinhas no rosto, os mesmos olhos castanhos, a mesma altura e os mesmos dilemas.
Nada havia mudado. Não me tornei adulta nos meus vinte anos.
Daí a expectativa para os próximos anos. Sempre a mesma coisa.
Fiz vinte e cinco. Nossa, queria que o mundo soubesse que eu tinha 1/4 de um século e que possivelmente era boa em matemática só por saber quanto vale 1/4 de um século sem precisar pesquisar no google. Pois eu pesquisei. Desculpa decepcionar.
Fiz meus vinte e seis. Caramba, tô chegando aos trinta! Como será minha vida depois disso?
Daí volto para a data de hoje, a música já não me diz que somos quem podemos ser, agora ela fala que toda forma de poder é uma forma de morrer por nada. 
Muito conveniente. 
Minha aflição em pensar o que será de mim após o ENEM é no mínimo uma forma de poder. Poder ter o controle de ficar com a saúde supimpa do nada, de ter um emprego legal enquanto aguardo ser chamada na faculdade. Mas, e se nada disso acontecer? E se a segunda feira não passar de uma promessa de fim de ano que não cumpri, ou então, uma expectativa de que tudo irá mudar no dia do seu aniversário?
Todo dia a vida está mudando. E eu preocupada com a segunda feira?!
Pois é. A cada dia, uma responsabilidade diferente. Uma forma diferente de ser responsável. E talvez, fracassar.
Ser livre para fracassar é de uma ousadia sem tamanho, que eu acho que não sei se tenho, pode ser que sim, não sei, só irei descobrir na hora. 
É assim com todo mundo. Engraçado, não é?!
Você, eu, a tia da padaria, seus avós, seu chefe.. todo mundo passa por isso.
E não é que isso seja ruim. Não. É ruim sim!!!!!!! Mas mar calmo não torna marinheiros hábeis, já dizia alguém que não sei quem é, mas está de parabéns.
Em águas tempestuosas ou calmas, quero navegar. Olhar o horizonte que nunca chega, como se o próprio horizonte dissesse: não pare. 
Talvez eu queria companhia. Talvez eu encontre. Talvez alguém me encontre para ser companhia. Nunca se sabe, e justamente por não saber do amanhã é que está a graça da vida.
Segunda será tudo diferente, igual foi hoje. Igual será sempre.

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