Poema da infância

"Pobrezinha da boneca
Tinha as juntas deslocadas
A cabecinha careca
E as mãozinhas aleijadas

O nariz era um buraco
Dos olhos restavam um só
E o seu corpo era esfarrapado
Que causava dó"

Esse poeminha talvez não seja lá um dos mais bonitos, mas foram esses pequenos versos que minha vó aprendeu quando criança, na época em que morava na fazenda, e tirava o leite da vaca todas as manhãs, e comia mexerica escondido com os irmãos, e brincava de pão-coito (o conhecido "Fulano roubou pão na casa de João") e, fazia remendo no sapato que tinha que durar um ano, enquanto cantava sobre a "vida ingrata que o alfaiate tem".
Fico tentando lembrar qual foi o primeiro verso que aprendi. E em que circunstância o aprendi.
É engraçado como as histórias, poemas e canções atravessam gerações e chegam até nós com uma linguagem diferente, mas sem que a essência tenha sido perdida ao longo dos anos.
Espero, com esperança, contar também aos meus netos o primeiro poema que aprendi: sobre o pastor que nos guia e não nos deixa faltar nada; que nos faz caminhar em lugares bonitos e que mesmo em vales secos e tenebrosos, ele caminha conosco.


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