O historiador

Estava distraído. 
Olhava para o horizonte admirado com os raios de ouro tocando as copas das árvores.
Sentiu-se abraçado pela beleza que envolvia aquele momento.
Morava numa casa amarela. 
Gostava dos quadros da Louise McNaugth. 
Tinha uma estante cheia de livros e discos antigos.
Vivia só, mas não solitário. Sua presença era sua própria companhia. 
Gostava de ouvir The Proclaimers enquanto buscava nos livros a chance de ir além dos muros - imaginários - que o cercava.
Era um homem de beleza comum. 29 anos, altura mediana, cabelos crespos e escuros, olhos pequenos com cílios grandes, que davam doçura ao seu olhar por trás dos óculos, e um sorriso capaz de iluminar uma cidade inteira. 
Era um homem educado. 
Era tão educado que até para amar pediu licença.
Descobriu o que todo mundo descobre um dia: que os pedaços de um coração partido seguem batendo. Esperava por alguém que não viria. 
Tinha bastante amigos e adorava ouví-los contando suas histórias. Às vezes não dizia uma só palavra. Apenas escutava atentamente.Sim, Henrique adorava ouvir as pessoas. Acreditava que em cada história havia um pedaço da alma do outro que se unia à sua, tornando-o assim, cúmplice.
Cada história era sagrada. Antes de dormir colocou (imagine sua música preferida, leitor) pra tocar. Ficava lembrando o que ouvira. Sentía-se vulnerável e ao mesmo tempo feliz: carregava em sua alma o reflexo de si mesmo que habitava no outro. Pensou nas milhares de pessoas e em suas sagradas histórias sendo feitas e lembradas. 
Pensou em si mesmo e nas pessoas que parraram por ele.
Todo mundo tem uma história pra contar. 


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