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Certa vez minha avó me perguntou:

- Minha filha, por que você está escondida? 
- Não estou escondida. Estou na sala.
- Pois bem. Está escondida na sala.

Afinal, por que nos escondemos?
Me fez pensar que talvez ela tenha razão.
Nossos dias são corridos, são cheios, e esperamos por algo que não sabemos e temos a sensação de que as coisas parecem precisar de nossa atenção. 
Mas nem sempre precisam. Nós sabemos.
Mas quando se espera sozinho, o dia parece ter cem horas. 
Pensar sozinho não faz o tempo andar mais depressa.

Nossos momentos nem sempre poderão ser a sós.
Existem pessoas ao nosso redor que precisam de nós. Às vezes precisam muito mais de nós que nós mesmos.
É uma linha tênue: meu desejo de estar só enquanto rodeado de pessoas que querem estar presentes.
De certa forma isso nos impulsiona a caminhar. 
A descobrir que é possível transformar solidão em solitude. Independente do lugar onde estiver.
Não tem a ver com isolar-se do mundo. Não.
Mas descobrir que o limite para ser companhia, mesmo em solitude, não existe.
Tem a ver com saber viver. É preciso saber viver.

É difícil aproveitar os dias de forma plena.
Já cantava Jeceni "haverá um dia em que você não haverá de ser feliz".
Já falava Jesus "no mundo tereis aflições. Mas tenham força, eu venci o mundo." 
(Isso acalenta o coração. Saber que apesar de sozinhos, nunca estamos sós.)
Já dizia eu "que caminhada longa..."

Acho que a vida é isso. Uma caminhada de aventura. A passos de elefante ou de formiga. 

"Uma desvantagem das aventuras é esta: quando chegamos aos lugares mais belos, estamos em geral tão aflitos e apressados que não somos capazes de apreciá-los."

Nos depararemos com momentos de euforia, de cansaço, de solidão, de medo.
Cabe a nós decidir como faremos essa caminhada: buscando perceber a mão daquele que venceu o mundo em cada passo e paisagem ou se lamentando porque tinha que ser assim. 

Vez ou outra encontraremos companhia no meio do caminho. 
Encontraremos um lugar que seremos acolhidos. 
Uma terra desconhecida: o coração de alguém. 
E ali desejaremos entrar e explorar cada canto, enquanto lembraremos da longa caminhada e do dia em que alguém te perguntou "minha filha, por que você está escondida?".



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