A história de uma Estrela

#NewOld

Estrela gostava de ser uma estrela, mesmo não sabendo o que uma estrela fazia.

Era solitária, mas não sabia o que era solidão até perceber que não era a única naquele universo. Queria se comunicar com a outra luz, essa luz quente que era tão brilhante e tão maior que ela. Então pensou "vou brilhar o máximo que posso para que essa luz também perceba que não está sozinha e, quem sabe, poderemos nos aproximar e deixaremos de ser sozinhos".

Assim que acabou de pensar, viu ao longe uma massa escura se aproximando. "O que será que é isso? Essa coisa que flutua, que vem em minha direção e que traz consigo um clarão que rasga o céu com esse barulho assustador?". A Estrela sentiu medo! Ah, vou morrer no meio dessa confusão. Pensou. E assim, começou a lamentar, mas viu que seu lamento não parava aquela massa - que decidiu chamar de nuvem - então pensou fazer o que sabia de melhor: brilhar. 

Estrela fechou os olhos e brilhou o máximo que podia, na esperança de que a outra luz, a qual a fizera dar sentido à solidão, pudesse ver e tentar se salvar.

Estrela percebeu que a nuvem, que parecia correr tanto, estava demorando para chegar até ela, então abriu os olhos e viu. Era incrível! Toda aquela nuvem enfurecida passando por debaixo de seus pés. "Ah, que tola eu fui em pensar que essa nuvem iria me apagar!". E quando acabou de pensar em si, reparou que a nuvem, na verdade, não estava furiosa, e sim chorando. Os trovões eram seus soluços. 

Sentiu pena da nuvem. Talvez a nuvem também tenha se dado conta da sua solidão.

A nuvem passou triste, mas logo desapareceu, e então Estrela procurou pelo Sol - nome que Estrela deu a aquela luz - para saber se estava tudo bem com ele. Percebeu que o Sol aquecia seu mundo, e então achou que ele também a tivesse visto, que estava tentando se comunicar, mas como não conseguia sair do lugar, emanava mais calor que podia para que Estrela sentisse. 

E assim, Estrela brilhava feliz enquanto era aquecida pelo seu amigo distante. Brilhou até seu último suspiro. Sua luz foi tão forte que brilhou milhões e milhões de anos, sem saber que haviam outras milhares de milhares de estrelas, que encantavam a moça deitada na grama olhando aquelas luzes e pensando se era a única sozinha nesse mundo.

27 de dezembro, 2015