Nepomudjama

Em uma terra distante chamada Ibâia, bem muito antes do homem pensar em inventar a luz, vivia um indiozinho que passava seus dias sonhando acordado. Achava tudo encantador. O que não era surpresa para seus pais, pois quando ele nasceu seus pais o chamaram de Nepomudjama, o homem que sonha. Ele também era admirador da sua terra Ibâia, cuja tradução é Céu. Gostava tanto dos ensinamentos da sua tribo Ara (Tempo)! Sabia que os habitantes de Ara tinha muito a ensinar.
Vivia a ouvir as histórias que seus pais contavam sobre seus ancestrais e de como o mundo fora criado.

Nepomudjama gostava de andar por entre as matas e descobrir esconderijos nos troncos das árvores mais antigas e imaginava ser rei, mesmo sem nunca ter ouvido a palavra rei e saber o que isso significava. Ele dizia que aquelas árvores eram especiais pois haviam segredos escondidos debaixo de todas aquelas cascas. Ele sabia que as árvores eram sensíveis e que a aparência exterior era só um jeito que as árvores tinham de tentar se proteger. Ele imaginava que as árvores eram pessoas. 

Lembrou de uma família, da tribo Iacitatâ que chegou perdida à Ibâia. Todos rudes no início por causa do medo, mas com o passar do tempo aquele medo se transformou em alegria, porque eram muito amados. No início foi uma surpresa muito grande para os Aras, pois ninguém sabia que existia outra tribo e principalmente porque acharam de uma coincidência enorme Iacitatâ significar Estrela. 
Ibâia abrigando Iacitatâ. 
Céu abrigando Estrela. 
Nepomudjama achou aquilo poético. Embora não soubesse o que isso significasse.
Então começou a chover. Uma chuva de alegria, era o que ele dizia. Dançava junto com cada gota que abraçava o chão. Estava feliz. 
Então Nepomudjama respirou fundo como quem toma uma decisão e começou a fazer o que nunca havia feito antes, mas com a certeza de que sabia fazer. 
Pegou a argila, amassou bem a sua massa e a espalhou até que ficasse no formato de um retângulo, que ele não sabia que aquilo era um retângulo, e escreveu com o dedo:
"Em Ibâia cabem Ara e Iacitatâ
Cabem todos nós. 
E quando cabe todo mundo
Somos um só."